Licenciatura Intercultural Indígena PITAKAJÁ alcança nota máxima no MEC
Data da publicação: 21 de novembro de 2024 Categoria: Notícias, Notícias de 2024A Licenciatura Intercultural Indígena PITAKAJÁ, destinada exclusivamente a pessoas pertencentes a etnias indígenas do estado do Ceará, recebeu nota máxima (5) da Comissão do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) do Ministério da Educação (MEC), que avaliou o projeto pedagógico do curso neste mês de novembro.
O curso foi criado na Universidade Federal do Ceará (UFC) há 14 anos e permite o ingresso, exclusivamente, de nativos pertencentes aos povos originários do Ceará. Trata-se de uma graduação com 3.500 horas-aulas distribuídas em sete habilitações, que relacionam saberes tradicionais das culturas indígenas (mitos, rituais, cosmologia, medicina tradicional, língua nheengatu, espiritualidade, movimentos indígenas) aos conhecimentos acadêmicos e científicos produzidos e organizados pela Universidade.
As habilitações são as seguintes: Culturas Indígenas e Antropologia, Sociologia e Política, Educação Escolar Indígena, Práticas Docentes e de Pesquisa, História, Matemática e Língua Portuguesa. As etapas letivas acontecem de maneira intensiva, ao longo de uma semana por mês, e alterna o campus universitário e as aldeias do estado do Ceará.
Os egressos indígenas são habilitados a lecionar nos anos finais do ensino fundamental, assim como em todo o ensino médio. Ao todo, já foram concluídas três turmas: a primeira formou 74 indígenas em 2016; a segunda formou 35 indígenas em 2024; e a terceira turma foi iniciada em setembro deste ano, com 60 indígenas de várias etnias do Ceará.
De acordo com o coordenador da Licenciatura Intercultural Indígena LII-PITAKAJÁ, Prof. Carlos Kleber Saraiva de Sousa, além das aulas dialogais com o protagonismo dos discentes indígenas, “o LII PITAKAJÁ realiza plenárias nas quais temas relacionados à etapa em vigor, ao curso, à universidade e ao movimento indígena são debatidos coletivamente, com vistas a contribuir com a solução de demandas observadas por esses estudantes”, explica.
A licenciatura indígena organiza, ainda, as “Noites culturais”, nas quais as tradições indígenas são evidenciadas por meio de rituais, manifestações espiritualistas, pinturas corporais, canções, artesanato, narrativas míticas, de lutas e de conquistas, e outras formas simbólicas.
Prof. Kleber Saraiva atribui a obtenção da nota máxima a um conjunto de fatores, além do projeto pedagógico e da estrutura física do curso: “às políticas de assistência e permanência aos indígenas, como alojamentos, bolsas, restaurante universitário, transportes; à biblioteca com um acervo e estrutura exemplar e ao corpo docente, formado por doutores, e por termos professores indígenas em nossos quadros; às pesquisas e aos projetos de extensão desenvolvidos pelos estudantes; e às “Noites culturais” e plenárias que proporcionam protagonismo cultural, acadêmico e político para os indígenas”, destaca.
O professor comenta a conquista da nota máxima do curso: “O movimento e povos indígenas do Ceará, com seus ‘guardiões da cultura’, ‘trocos véios’, caciques, pajés, lideranças diversas e encantados, nos ensinam que o respeito à pluralidade cultural e à dignidade humana pode ser uma conquista permanente de todos nós. E a Universidade Federal do Ceará é um lugar onde se realizam, historicamente, esses abraços de saberes e vivências interculturais”, comemora.
Fonte: UFC Informa e Coordenação dos cursos de Licenciatura Intercultural Indígena PITAKAJÁ – e-mail: lii-pitakaja@ufc.br