PROGRAD e PROGEP realizam formação sobre letramento racial para profissionais da UFC
Data da publicação: 24 de janeiro de 2025 Categoria: Notícias, Notícias de 2025Com carga horária de 20h, as aulas síncronas reuniu 60 participantes dos campi de Fortaleza e do interior do Ceará, durante os dias 22 e 23 de janeiro. A formação encerrará no dia 27, com o envio dos resumos críticos sobre dois filmes
O Curso Atuação em Bancas de Heteroidentificação, realizado de forma remota e promovido pelas Pró-Reitorias de Graduação (PROGRAD) e de Gestão de Pessoas (PROGEP) da Universidade Federal do Ceará (UFC), teve como objetivo capacitar em fundamentos do letramento racial gestores, docentes, servidores técnico-administrativos em educação e demais colaboradores de diversas unidades acadêmicas e administrativas da UFC. Os profissionais receberão certificado de participação atestando que estão aptos a integrar bancas de heteroidentificação em processos seletivos da Universidade e de outras instituições, a exemplo das bancas para ingresso de estudantes nos cursos de graduação e pós-graduação e em concursos públicos.
A formação foi ministrada pelo Prof. Eduardo Vinícius Mota e Silva, presidente da Comissão de Heteroidentificação da UFC, pelo advogado Carlos César Osório de Melo, assessor de Legislação do Ensino da Prograd/UFC, e pelo Prof. Paulo César Alves Garcia, docente da disciplina de História na rede municipal de ensino de Caucaia. Os instrutores compartilharam sobre a história do racismo e preconceito racial, a importância das políticas de ações afirmativas no Brasil e sobre os critérios utilizados para analisar as características fenotípicas de etnia e raça dos candidatos nas bancas de heteroidentificação.
De acordo com o organizador da formação, César Melo, assessor de Legislação do Ensino (ALE) da Prograd/UFC, a realização de capacitações para que os servidores possam compreender melhor alguns temas que fazem parte do cotidiano do trabalho, como o letramento racial, por exemplo, está alinhada aos eixos estratégicos da Universidade, listados no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). “Além disso, o curso é um convite para que a comunidade universitária se envolva com a temática e possa participar da efetivação das ações afirmativas, seja por meio da participação em bancas de heteroidentificação de processos seletivos da UFC ou orientando e informando os servidores da unidade sobre as políticas públicas e as boas práticas associadas”, explicou César Melo, que também foi facilitador de uma das aulas.
A realização do curso de forma remota, com momentos síncronos e assíncronos, possibilitou a participação dos profissionais lotados nos campi do interior do Ceará. Segundo o pró-reitor de Graduação, Prof. Davi Romero de Vasconcelos, a expectativa é de que, após a capacitação, cada servidor possa compartilhar os conhecimentos adquiridos com outros colegas de trabalho. “A avaliação que fazemos do curso é muito positiva. Isso é possível afirmar a partir dos relatos dos participantes durante esses dois dias intensos de capacitação. A ideia é que todos se tornem multiplicadores dessas informações, que utilizem essas orientações no dia a dia, e se sintam instigados a contribuir com a sociedade, participando de ações e de bancas de heteroidentificação da UFC”, afirmou.
Para a pró-reitora de Gestão de Pessoas, a Profa. Marilene Feitosa Soares, ações como essa formação são fundamentais para desconstruir preconceitos e promover a equidade. “Essa iniciativa é essencial para fortalecer a integridade e a transparência na aplicação das políticas de ações afirmativas, assegurando igualdade de oportunidades, combate ao racismo e a construção de uma universidade mais diversa e inclusiva”, frisou.
Além de muito conhecimento adquirido, os cursistas participaram de sorteios de livros durante as aulas ministradas pelo Prof. Paulo Garcia. De acordo com o docente, a escolha dos livros foi proposital, pois abordam os assuntos discutidos nos encontros. “As três obras são livros que ampliam as nossas reflexões sobre essas dinâmicas raciais no Brasil, mas também nos faz pensar em outras dinâmicas raciais para além do Brasil. Isso, tendo muito cuidado, devido às especificidades de cada local. Essas leituras estão muito de acordo com a proposta da formação para a banca de heteroidentificação”, pontuou.
O professor destacou que um dos volumes sorteados, “O branco ante a rebeldia do desejo: um estudo sobre o pesquisador branco que possui o negro como objeto científico tradicional. A branquitude acadêmica. Volume 2”, foi escrito pelo Prof. Lourenço Cardoso, docente da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) e referência nacional nos estudos sobre a branquitude. Os demais livros são de autoria de outros também renomados escritores: “A nova segregação: racismo e encarceramento em massa”, de Michelle Alexander, e “O avesso da pele”, de Jeferson Tenório.
A última aula síncrona foi ministrada pelo Prof. Eduardo Silva, presidente da Comissão de Heteroidentificação da UFC. Ele faz parte da Comissão desde 2019, e está no segundo ano como presidente. Segundo ele, um dos principais desafios de estar à frente da Comissão é a dificuldade enfrentada devido ao número de membros. “Acreditamos que esse desafio será superado com o ingresso dos participantes do curso de formação. A preparação de mais servidores para a atuação nas bancas de heteroidentificação vai permitir que este processo seja cada vez mais ágil e efetivo”, afirmou. “Acolher bem estes candidatos e proporcionar uma avaliação socialmente justa é nosso grande desafio”, concluiu. Ao final do curso, ele fez um convite aos interessados em participar da Comissão e das bancas de heteroidentificação da UFC.
Como conclusão de curso, os participantes deverão realizar uma última atividade, de forma assíncrona, que consiste no envio de uma resenha crítica sobre um dos dois filmes sugeridos na última aula: “Doutor Gama”, de 2021, do diretor Jeferson De, e o filme “Que horas ela volta?”, de 2015, dirigido por Anna Muylaert. Ambos os filmes retratam a realidade nacional quando se trata de assuntos ligados à luta contra o preconceito racial e as desigualdades sociais experienciadas por grande parte da população brasileira. A resenha crítica deve relacionar o conteúdo do filme ao surgimento e a importância das bancas de heteroidentificação. O prazo para envio da atividade é até a próxima segunda-feira, dia 27 de janeiro.
Os certificados serão emitidos digitalmente, e estarão disponíveis no Sistema Integrado de Gestão, Planejamento e Recursos Humanos – SIGPRH.